Christian de Oliveira é esperança olímpica no Snowboard

Há Neve na Austrália

Há neve na Austrália. Esta é a grande revelação para quem fala com Christian Oliveira, snowboarder filho de um emigrante português na Austrália e que está no bom caminho para representar Portugal nos Jogos Olímpicos de Pequim em snowboard alpino.

“Eu cresci em Melbourne e temos aqui perto, a três horas de caminho, as ‘Snowy Mountains’. As minhas irmãs, que são 10 e 12 anos mais velhas que eu, começaram a fazer esqui lá e eu tive o primeiro contacto com a neve aos 9 meses, por isso pode dizer-se que praticamente nasci nisto”, conta um bem disposto Christian Oliveira. 
O primeiro “salto” evolutivo surgiu bem cedo, através de outro emigrante: “Tinha um treinador austríaco no meu clube e foi ele quem me desafiou a ir treinar no hemisfério norte, que seria fundamental para a minha evolução. Assim, aos 9 anos, fui a França treinar e competir. Foi aí que comecei a perceber melhor a realidade fora da Austrália, mas logo aos 5 anos, assim que experimentei o snowboard fiquei viciado”, admite Christian.
 
As viagens tornaram-se, todavia, uma constante na vida do jovem snowboarder que hoje em dia divide o seu ano entre a Austrália e a Áustria, base para a temporada competitiva nas montanhas da Europa. Mas antes disso, ainda passou pelos Estados Unidos: “Já estou habituado. Fui exposto a esta rotina muito cedo pois treinei e competi nos Estados Unidos durante anos. Aos 13, dediquei-me ao slalom e gigante paralelos e dois anos depois mudei-me para uma escola de desportos de inverno no Colorado para treinar com o treinador da equipa olímpica dos EUA. E foi também na América que fiz os três últimos anos do liceu. Depois vinha para a Austrália nas férias, por isso, para mim, já é normal.” 
 

Quanto à ligação a Portugal, essa é mais que genética, ao ponto de namorar a ideia de, um dia, vir viver para o nosso país: “O meu pai é de uma aldeia perto de Viseu e emigrou para a Austrália quando tinha 25 anos. Estive em Portugal apenas duas vezes, quando tinha 7 anos e mais recentemente, em 2018. Foram visitas curtas mas adorei o país, é um sítio maravilhoso e penso mesmo ir morar aí um dia.” 
Mas a ligação à Federação de Desportos de Inverno e a possibilidade de representar as cores lusas nos Jogos Olímpicos surgiu na sequência de um contacto do selecionador nacional Nuno Marques: “O Nuno contactou-me por e-mail e convidou-me. Vi aí a possibilidade de ajudar a desenvolver o snowboard em Portugal e isso foi uma proposta irrecusável. E é uma forma de homenagear as minhas raízes familiares.” 
E representar Portugal nos Jogos Olímpicos? “Um sonho”, assume: “Ir aos Jogos Olímpicos é um sonho eu começou quando tinha 12 anos, quando percebi que queria seguir este desporto. Pensei que se queria ir longe neste desporto tinha de ter objetivos e os Jogos Olímpicos e ser campeão mundial eram as metas ideais. Só mais tarde surgiu Portugal e foi aliar as duas. Seja como for, hoje é mais que um sonho, é algo que já não me deslumbra, sei que se trabalhar e empenhar-me vai acontecer. Quanto mais trabalhar, mais perto estarei do sonho.” 

PALMARÉS 

  • Campeão da Taça da América 2017 (Slalom Paralelo)
  • 3º Taça da América 2017 (Slalom Gigante Paralelo)
  • 19º Campeonatos do Mundo Park City 2019 (Slalom Gigante Paralelo) 
  • 35º Campeonatos do Mundo Park City 2019 (Slalom Gigante Paralelo)
  • 5º e 9º em Campeonatos do Mundo de Juniores
  •  27º Taça do Mundo Scuol 2020 (Slalom Gigante Paralelo)
  • 27º Taça do Mundo Bad Gastein 2020 (Slalom Paralelo)
  • 14º Taça da Europa Gudauri 2020 (Slalom Paralelo)
  • 15º Taça da Europa Gudauri 2020 (Slalom Gigante Paralelo)
  • 17º Taça da Europa Simonhoehe 2020 (Slalom Gigante Paralelo)